Dom José Francisco Falcão de Barros comenta o Evangelho de Mateus, versículo por versículo. Reflete sobre as passagens bíblicas de Mateus 6,24 e um texto de Santo Agostinho:

Mateus 6,24 (I) – Deus, único tesouro

Οὐδεὶς δύναται δυσὶ κυρίοις δουλεύειν· ἢ γὰρ τὸν ἕνα μισήσει καὶ τὸν ἕτερον ἀγαπήσει, ἢ ἑνὸς ἀνθέξεται καὶ τοῦ ἑτέρου καταφρονήσει. οὐ δύνασθε θεῷ δουλεύειν καὶ μαμωνᾷ.
 
“Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e à riqueza”

“Ele mesmo declara quem são esses dois senhores, continuando: ‘Não podeis servir a Deus e ao dinheiro’. Emprega aqui o Evangelho a palavra hebraica “mammonae”, nome que os hebreus dão às riquezas… Servir a Mammon é servir àquele cuja perversidade o faz colocar-se à frente das coisas da terra. Foi designado pelo Senhor: “O príncipe do mundo” (Jo 12,31; 14,30). Portanto, ou odiará um, isto é, o dinheiro, e amará o outro, isto é, Deus; ou se apegará ao primeiro e desprezará o segundo.

“Com efeito, todo aquele que é escravo das riquezas se submete a amo duro e malévolo. Pois, escravizado pela cupidez, está submetido à escravidão do demônio, sem que o ame, porém. Pois quem pode amar o demônio? Contudo, tem de se submeter a ele. Assim acontece, por exemplo, com o homem hospedado em um grande palácio, que se liga a uma escrava de lá. Sofre por causa dessa paixão uma dura escravidão, ainda que não tenha nenhuma afeição pelo dono do palácio, cuja escrava ama””

Santo Agostinho (354-430)
O Sermão da Montanha 2, 47