Dom José Francisco Falcão de Barros comenta o Evangelho de Mateus, versículo por versículo. Reflete sobre Mateus 12,35 e um texto de São Beda:

Mateus 12,35 (II) – Discussão sobre um milagre

ὁ ἀγαθὸς ἄνθρωπος ἐκ τοῦ ἀγαθοῦ θησαυροῦ ἐκβάλλει ἀγαθά, καὶ ὁ πονηρὸς ἄνθρωπος ἐκ τοῦ πονηροῦ θησαυροῦ ἐκβάλλει πονηρά

 

“O homem de bem tira boas coisas de seu bom tesouro. O mau, porém, tira coisas más de seu mau tesouro”

“O homem bom do bom tesouro do seu coração tira o bem; o homem mau do mau tesouro do seu coração tira o mal. O tesouro do coração é a intenção da mente, da qual o juiz que conhece o interior julga o resultado. Isto mesmo o confirma logo em seguida, quando expressa claramente que as boas obras não servem para nada sem o testemunho das obras”.

“‘Por que me chamais de Senhor, e não fazeis o que eu digo?’ (Lc 6, 46). Invocar o Senhor parece ser um dom próprio de um bom coração, o fruto de uma árvore boa. Pois ‘quem invocar o nome do Senhor será salvo’ (Jl 2, 32). Porém, se aquele que invoca o nome do Senhor, com sua forma perversa de viver se opõe aos mandamentos do Senhor, é evidente que o bem que a língua pronunciou não foi tirado do bom tesouro do coração. Não era a raiz de uma figueira, mas a de um espinho que produz o fruto de uma tal confissão, isto é, uma consciência endurecida pelos vícios, que não está cheia da doçura do amor do Senhor”.

São Beda, o Venerável (673-735)
Homilias sobre os Evangelhos, 2, 25