Dom José Falcão de Barros reflete sobre a frase “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”, da oração do Pai Nosso, a partir de um texto de São Gregório de Nissa:

“Belo é também o acréscimo ‘hoje’, ao dizer: ‘dai-nos hoje nosso pão substancial’, com o qual deves aprender a transitoriedade da vida humana. Só o momento presente nos pertence, sendo incerta a esperança do futuro, uma vez que ignoramos o que nos acontecerá amanhã (Pr 27, 7). Por que nos preocuparmos com o que ignoramos? ‘A cada dia basta o seu mal’ (Mt 6, 34). Por que nos angustiamos pelo amanhã? Tal preocupação nos proíbe Aquele que nos prescreve pedir para hoje, como se dissesse: ‘O que te dá o dia dar-te-á o suficiente para o dia’. Aprendamos, portanto, o que se deve pedir para hoje, enquanto o Reino pertence à felicidade futura. Por pão entendem-se todas as necessidades corporais. Se pedimos isso, é claro que o suplicante se ocupa com o que é transitório. Porém, se pedimos algum dos bens da alma, a súplica se dirige às realidades imperecíveis, as quais, por sua ordem, devem ser o objeto preferido de nossa oração: ‘Buscai’ – diz – ‘o reino e a justiça, e tudo o mais será dado em acréscimo’” (Mt 6, 33)

São Gregório de Nissa, De oratione dominica, 4 (PG 44, 1167-1178)