Dom José Falcão de Barros reflete sobre a frase “Seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu”, da oração do Pai Nosso, a partir de um texto de São Máximo, o confessor:
“Porque com a oração se deve pedir apenas aquilo que, por força do mandamento, se deve buscar. Portanto, aquilo que não fomos induzidos a buscar mediante o mandamento, não será lítico pedi-lo com a oração. Se o Salvador ordenou-nos buscar apenas o reino de Deus e a justiça, é normal que mova aqueles que aspiram aos dons divinos a pedir isto com a oração. Se, pelo contrário, nos ordena pedir com a oração o pão de cada dia, com o qual costuma sustentar a nossa vida presente, não devemos ultrapassar os limites da oração, buscando abraçar avidamente o ciclo de muitos anos, esquecendo que somos mortais e que temos uma vida que se esvai como uma sombra. Ao invés, devemos pedir com a oração, sem preocupação, apenas o pão para aquele dia, fazendo da vida um exercício de morte segundo o pensamento de Cristo, prevenindo com a vontade a natureza e, antes da morte, afastando a alma da preocupação pelas coisas do corpo. Assim, ela não se manchará com as coisas corruptíveis, transferindo para a matéria o uso do seu desejo natural, e não aprenderá a cupidez que priva da abundância dos bens divinos”.
São Máximo, o confessor, Orationis dominicae brevis expositio (PG 90, 359-360)