Dom José Falcão de Barros reflete sobre a frase “Seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu”, da oração do Pai Nosso, a partir de um texto de Santo Agostinho:

“Sem pão nada podemos. Seria descaramento pedir riquezas a Deus, mas não o é pedir-lhe o pão de cada dia. Uma coisa é pedir bens para alimentar o orgulho; outra, pedir o necessário para viver. Como este pão visível e palpável é dado aos bons e aos maus, então tem de haver outro pão quotidiano que os filhos pedem. Esse pão é a palavra de Deus, que nos é dada cada dia. Pão nosso quotidiano, do qual se nutrem as mentes, não os ventres. Agora que trabalhamos na vinha, temos necessidade dele; mas é alimento, não salário. O nosso alimento quotidiano nesta terra é a palavra de Deus, que está sempre a ser dada às Igrejas; o nosso salário, depois do trabalho, chama-se vida eterna. E, se além desse, vires, neste pão nosso quotidiano, aquele que os fiéis recebem e que vós haveis de receber depois de batizados, compreendes que rezamos muito bem quando dizemos: ‘O pão nosso de cada dia nos dai hoje’, a fim de vivermos de tal modo que não nos separemos daquele altar”.

Santo Agostinho, Sermo 56, 6, 9-10 (PL 38, 381)