Dom José Falcão de Barros reflete sobre a frase “Seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu”, da oração do Pai Nosso, a partir de um texto de Santo Agostinho:
“Além do pão quotidiano, os fiéis conhecem também um alimento espiritual, que vós também haveis de conhecer e receber do altar de Deus. Será também um pão quotidiano necessário à nossa vida. Porventura haveremos de receber a Eucaristia quando nos aproximarmos de Cristo e começarmos a reinar eternamente com Ele? Logo, a Eucaristia é o nosso pão quotidiano. Havemos de recebê-lo não só como alimento que sustenta o corpo, mas também a alma. Nesse pão reside a força da unidade, para que, quando nos tornarmos parte do corpo de Cristo e seus membros, sejamos aquilo que recebemos. Só então ele será verdadeiramente o nosso pão quotidiano; as leituras que diariamente ouvis na igreja são pão quotidiano, os hinos que ouvis e dizeis são pão quotidiano. Na verdade, essas coisas são necessárias para a nossa peregrinação. Por que iríamos nós, quando chegarmos ao céu, ouvir a leitura do livro? Então veremos o próprio Verbo, ouviremos o próprio Verbo, comê-Lo-emos, bebê-Lo-emos, como os anjos agora. Têm acaso os anjos necessidade de livros, de pregadores ou de leitores? De modo nenhum. Vendo, leem, porque veem a própria Verdade e saciam-se naquela Fonte, donde brotam para nós algumas gotas”
Santo Agostinho, Sermo 57, 7, 7 (PL 38, 389-390)