Dom José Falcão de Barros reflete sobre a frase “Seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu”, da oração do Pai Nosso, a partir de um texto de São Jerônimo:

“Nossa expressão ‘supersubstancial’ é tradução do grego epioúsion, que os Setenta traduziram por perioúsion. Examinamos o texto hebraico e, onde eles escrevem perioúsion, encontramos ‘sogolla’, que Símaco traduz por exaíreton, ou seja, ‘notável’, ‘excelente’, ainda que em uma passagem tenha traduzido por ‘peculiar’. Portanto, quando pedimos que Deus nos conceda nosso pão peculiar ou notável, pedimos Àquele que disse: ‘Eu sou o pão vivo descido do céu’ (Jo 6, 51). No Evangelho chamado ‘Segundo os Hebreus’, em vez de pão supersubstancial encontrei “maar”, ou seja, do dia de amanhã, com este sentido: dai-nos hoje nosso pão do dia de amanhã, ou seja, do futuro. Também podemos entender o pão supersubstancial com outro sentido: o que é superior a todas as substâncias e supera todas as criaturas. Outros pensam simplesmente que, segundo as palavras do Apóstolo: ‘Tendo alimento e vestuário, contentemo-nos com isto’ (1Tm 6, 8), os santos se preocupam com o alimento para a vida presente. Daí que, mais adiante, se ordena: ‘Não vos preocupeis com o dia de amanhã’ (Mt 6, 34)”

São Jerônimo, Commentarium in Evangelium Matthaei, 1, 6, 11 (PL 26, 43)