Dom José Falcão de Barros comenta o Catecismo da Igreja Católica. Reflete sobre a frase “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”, da oração do Pai Nosso, e um texto de Papa Bento XVI:

“O milagre do maná aponta para além de si mesmo, desde o grande discurso de Jesus sobre o pão para os cristãos até o mundo novo no qual o Logos – a eterna palavra de Deus – será o nosso pão, o alimento das núpcias eternas. O grande discurso do pão no Evangelho de S. João, capítulo 6, abre o grande espaço de significado deste tema. No princípio, encontra-se a fome dos homens, que escutaram Jesus e que Ele não quer despedir sem lhes dar de comer, portanto, sem o ‘necessário pão’ do qual precisamos para viver. Mas Jesus não permite ficar por aqui e reduzir as necessidades do homem ao pão, às necessidades biológicas e materiais. ‘O homem não vive só de pão, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus’ (Mt 4, 4 – Dt 8, 3). A maravilhosa multiplicação do pão faz recordar o milagre do maná no deserto e aponta para além de si mesmo: que o autêntico alimento do homem é o Logos, a Palavra eterna, o sentido eterno do qual viemos e para o qual vivemos. Se esta primeira superação do domínio físico diz em primeiro lugar o que a grande filosofia encontrou e pode encontrar, então vem logo a seguir a seguinte superação: a palavra eterna só se torna concretamente pão para o homem quando o Verbo encarnou e quando nos fala em palavras humanas”

Papa Bento XVI, Jesus de Nazaré, São Paulo, Planeta, 2007, pp.138-143