Dom José Falcão de Barros comenta o Catecismo da Igreja Católica. Reflete sobre a frase “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”, da oração do Pai Nosso, e um texto de Papa Francisco:
“Jesus ensina a pedir ao Pai o pão de cada dia. E ensina-nos a fazê-lo juntamente com muitos homens e mulheres para os quais esta prece é um grito — muitas vezes abafado — que acompanha a ansiedade de todos os dias. Quantas mães e quantos pais, ainda hoje, vão dormir com o tormento de não ter no dia seguinte o pão suficiente para os próprios filhos! Imaginemos esta oração recitada não na segurança de um apartamento confortável, mas na precariedade de um ambiente ao qual se adapta, onde falta o necessário para viver. As palavras de Jesus assumem uma força nova. A oração cristã começa por este nível. Não é um exercício para ascetas; parte da realidade, do coração e da carne de pessoas que vivem em necessidade, ou que partilham a condição de quem não dispõe do necessário para viver. Nem sequer os místicos cristãos mais elevados podem prescindir da simplicidade deste pedido. ‘Pai, faz com que para nós e para todos, hoje, haja o pão necessário’. E ‘pão’ significa água, medicamentos, casa, trabalho… Pedir o necessário para viver. O pão que o cristão pede na oração não é o ‘meu’ pão, mas o ‘nosso’. Assim quer Jesus. Ensina-nos a pedi-lo não só para nós mesmos, mas para a inteira fraternidade do mundo. Se não se rezar deste modo, o ‘Pai-Nosso’ deixa de ser uma oração cristã. Se Deus é o nosso Pai, como nos podemos apresentar a Ele sem nos darmos a mão? Todos nós. E se roubarmos uns aos outros o pão que Ele nos concede, como podemos dizer que somos seus filhos? Esta prece contém uma atitude de empatia, uma atitude de solidariedade”
Papa Francisco, Audiência geral, 27/03/2019