Dom José Falcão de Barros reflete sobre a frase “Seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu”, da oração do Pai Nosso, a partir de um texto bíblico de São Cipriano de Cartago:

“Continuando a oração, suplicamos: ‘O pão nosso de cada dia nos dai hoje’. Isto pode entender-se no sentido espiritual ou literal, porque num e noutro sentido aproveita à nossa salvação. Mas o pão da vida é Cristo; e este pão não é o pão de todos, mas o nosso. E assim como chamamos Pai Nosso, porque Ele é Pai dos que O conhecem e creem n’Ele, também dizemos o pão nosso, porque Cristo é o pão daqueles que recebem o seu corpo. E pedimos que nos seja dado cada dia este pão, a nós que vivemos em Cristo e todos os dias recebemos a sua Eucaristia como alimento da salvação, para não suceder que, por algum pecado grave, sejamos privados da comunhão do pão celeste e nos separemos do Corpo de Cristo. Ele mesmo proclamou: ‘E o pão que eu hei de dar é a minha carne pela vida do mundo’ (Jo 6, 51). Portanto, se Ele afirma que viverão eternamente os que comerem do seu pão, é evidente que possuem a vida aqueles que recebem o seu Corpo e participam retamente na Eucaristia; mas, ao mesmo tempo, ensina que, ao contrário, é de temer, e devemos orar para que assim não suceda, que, abstendo-se da Eucaristia, alguns se separem do Corpo de Cristo e fiquem privados da salvação, como Ele próprio adverte: ‘Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós’ (Jo 6, 53). Por isso, pedimos que nos seja dado cada dia o nosso pão, isto é, Cristo, para que nós, que permanecemos e vivemos em Cristo, não nos afastemos do seu Corpo que nos santifica”

São Cipriano de Cartago, De dominica oratione, 18-21 (PL 4, 531-534)