Dom José Falcão de Barros comenta o Catecismo da Igreja Católica. Reflete sobre a frase “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”, da oração do Pai Nosso, e um texto de Papa Francisco:
“Na minha fome, sinto a fome das multidões, e então rezarei a Deus enquanto o pedido delas não for ouvido. Assim Jesus educa a sua comunidade, a sua Igreja, a apresentar a Deus as necessidades de todos: ‘Todos somos Vossos filhos, tende piedade de nós!’. O pão que pedimos ao Senhor na oração é o mesmo que um dia nos acusará. Repreender-nos-á o pouco hábito de o repartir com quem está próximo, o pouco hábito de o repartir. Era um pão oferecido à humanidade, e ao contrário foi comido só por alguns: o amor não pode suportar isto. O nosso amor não o pode suportar; nem sequer o amor de Deus pode suportar este egoísmo de não repartir o pão. Certa vez havia uma grande multidão diante de Jesus; eram pessoas que tinham fome. Jesus perguntou se havia entre eles quem tivesse alguma coisa, e viu que só uma criança estava disposta a partilhar aquilo de que dispunha: cinco pães e dois peixes. Jesus multiplicou aquele gesto generoso (Jo 6, 9). Aquele menino tinha compreendido a lição do ‘Pai-Nosso’: que os alimentos não são propriedade individual — convençamo-nos disto: os alimentos não são propriedade individual, mas providência a partilhar, com a graça de Deus. O verdadeiro milagre realizado por Jesus naquele dia não foi tanto a multiplicação, que foi verdadeira, mas a partilha: dai-me o que tendes e eu farei o milagre. Ele mesmo, multiplicando aquele pão oferecido, antecipou a oferenda de Si no Pão eucarístico. Com efeito, só a Eucaristia é capaz de saciar a fome de infinito e o desejo de Deus que anima cada homem, até na busca do pão de cada dia”
Papa Francisco, Audiência geral, 27/03/2019