Dom José Falcão de Barros comenta o Catecismo da Igreja Católica. Reflete sobre a frase “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”, da oração do Pai Nosso, e um texto de Santo Agostinho:
“Realmente te ofende aquele que recusa devolver o dinheiro que te deve, tendo a possibilidade de o fazer. Ora, se tu não perdoas esse pecado, como poderás dizer: ‘Perdoa-nos as nossas dívidas, como também nós perdoamos aos nossos devedores?’ Mas, ao contrário, se o perdoas, reconheces que a todo aquele a quem se manda rezar desse modo deves também perdoar as dívidas monetárias. Pode-se ainda examinar se, ao dizermos: ‘Perdoai-nos as nossas dívidas, como também nós perdoamos aos nossos devedores’, estamos convencidos de termos violado essa regra, ao recusarmos perdoar aqueles que nos pedem perdão. Visto que nós mesmos pedimos perdão a um Pai cheio de bondade, no desejo de sermos perdoados. Observemos ainda que, naquele preceito em que nos é mandado orar por nossos inimigos, não está incluído: orar por aqueles que nos pedem perdão. É porque, se alguém tem essa disposição de ânimo, já não é nosso inimigo. Por outro lado, de modo algum poderá alguém dizer que ora por aquele a quem não quer perdoar. Logo, é necessário confessar que nos sejam perdoadas por nosso Pai as ofensas de que somos culpados diante dele”
Santo Agostinho, De sermone Domini in monte, 2, 8, 28-29 (PL 34, 1281-1282)