Dom José Falcão de Barros comenta o Catecismo da Igreja Católica. Reflete sobre a frase “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”, da oração do Pai Nosso, e um texto de São Cipriano de Cartago:
“O sacrifício mais agradável a Deus é a nossa paz e a concórdia fraterna, e um povo cuja união seja um reflexo da unidade que existe entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Também naqueles primeiros sacrifícios que ofereceram Abel e Caim, Deus não olhava para as suas ofertas, mas para os seus corações; por isso, aceitou a oferta daquele que a apresentava de coração sincero. Abel, pacífico e justo, oferecendo a Deus um sacrifício irrepreensível, ensina aos homens que, ao aproximarem-se do altar para apresentar a sua oferta, devem fazê-lo com temor de Deus, com simplicidade de coração, com a lei da justiça, com a paz da concórdia. Com razão, Abel, depois de ter apresentado a Deus um sacrifício perfeito, se converteu ele próprio em sacrifício a Deus. Deste modo, como primeiro mártir, iniciou com a glória do seu sangue a paixão do Senhor, porque manifestou a justiça e a paz do Senhor. Aqueles que o imitam serão coroados pelo Senhor e, no dia do juízo, serão glorificados com o Senhor. Ao contrário, o que vive na dissensão e discórdia e não tem paz com os seus irmãos, segundo o testemunho do bem-aventurado Apóstolo e da Sagrada Escritura, não escapará à acusação de ser fautor da discórdia, ainda que sofra a morte pelo nome de Cristo, como está escrito: ‘O que odeia o seu irmão é homicida (1Jo 3, 15); e o homicida não poderá entrar no reino dos céus nem viver com Deus. Não poderá viver com Cristo aquele que preferiu ser imitador de Judas a ser imitador de Cristo’”
São Cipriano de Cartago, De dominica oratione, 22-24 (PL 4, 534-536)