Dom José Falcão de Barros comenta o Catecismo da Igreja Católica. Reflete sobre a frase “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”, da oração do Pai Nosso, e um texto de São Gregório de Nissa:

“Como poderia alguém mostrar a grandeza da palavra divina? O conceito supera a interpretação das palavras: ‘Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido’ (Mt 6, 12). De fato, aquilo que penso a respeito disso é difícil para apreender com a mente e é ainda mais difícil explicar o conceito com palavras. O que é que se diz? Como Deus se dispõe a imitar aqueles que fazem o bem, segundo as palavras do Apóstolo Paulo: ‘Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo’ (1Cor 11, 1), assim inversamente quer que a tua disposição para com Deus seja exemplo para o bem. Em certo sentido, a ordem é mudada, de modo que se tenha a coragem de esperar que, como em nós se realiza o bem pela imitação da divindade, assim Deus imite as nossas ações quando realizamos alguma coisa boa e tu também possas dizer a Deus: ‘Aquilo que eu fiz, faze também tu; imita o teu servo pobre e indigente, Senhor que tudo governas. Perdoei as ofensas, para que tu não exijas conta de alguma coisa; atendi ao suplicante; tu, também, não rejeites a minha súplica”

São Gregório de Nissa, De oratione dominica, 5 (PG 44, 1179-1182)