Dom José Falcão de Barros comenta o Catecismo da Igreja Católica. Reflete sobre a frase “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”, da oração do Pai Nosso, e um texto de Santo Agostinho:

“Nesta vida, pedimos também o que se segue: ‘Perdoai-nos as nossas dívidas’. No batismo, todas as vossas dívidas, isto é, todos os vossos pecados vos serão perdoados. Mas, como aqui ninguém pode viver sem pecado (não digo pecado grande que o separe daquele pão), como ninguém pode viver sem pecados na terra, e não podemos receber o batismo mais que uma vez, é na oração que recebemos a água para nos lavarmos todos os dias, para nos serem todos os dias perdoados os nossos pecados. Mas só se fizermos o que se segue: ‘Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido…’ De modo que, meus irmãos, deixai que vos advirta: Ides ser filhos de Deus, não de qualquer grande homem. A graça divina faz-vos a todos vós seus filhos. Portanto, já que haveis de dizer todos os dias, mesmo depois do batismo e sobretudo depois do batismo: Pai Nosso… (esta oração não a rezareis senão depois do batismo: daqui a oito dias recitá-la-eis; não a rezareis; depois do batismo é que a haveis de rezar, pois, na verdade, quem ainda está por nascer não pode dizer: Pai Nosso), repito, já que haveis de dizer esta oração cada dia, lembro-vos a vós que na graça de Deus sois meus filhos e sob tal Pai sois meus irmãos, que se alguém vos ofender e pecar contra vós e a seguir se acusar e vos pedir que lhe perdoeis, logo lhe perdoeis de coração, para não vos excluirdes do perdão de Deus. Pois, se vós não perdoardes, também Ele não vos perdoará a vós”

Santo Agostinho, Sermo 59, 4, 7 (PL 38, 401)