Dom José Falcão de Barros reflete sobre a frase “Seja feita a Vossa vontade assim na terra como no céu”, da oração do Pai Nosso, a partir de um texto de Santo Agostinho:

“Dizemos na terceira petição: ‘Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu’ (Mt 6, 10). Que quer isto dizer? Que assim como os anjos Vos servem no céu, assim nós Vos sirvamos na terra. Ora, os seus santos anjos obedecem-Lhe, não O ofendem, e cumprem as suas ordens amando-O. Portanto, o que pedimos é que cumpramos também os mandamentos de Deus por amor. Podem estas palavras entender-se ainda de outra maneira: ‘Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu’. O céu em nós é a nossa alma, a terra em nós é o nosso corpo. Que significa, então, ‘seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu?’ Assim como nós ouvimos os vossos preceitos, assim a nossa carne consinta convosco. Entendem-se também assim estas palavras: ‘Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu’. O céu são os fiéis que vestiram a imagem do homem celeste, isto é, de Cristo. Porém, os infiéis, como levam a imagem do homem terreno, chamam-se terra. Quando, pois, dizemos ‘seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu’, o que dizemos ao nosso bom Pai é isto: Como creram em vós os fiéis, assim creiam também os infiéis. E, deste modo, aprendemos a orar pelos nossos inimigos”. Santo Agostinho, Sermo 59, 5 (PL 38, 400-401)