Dom José Falcão de Barros reflete sobre a frase “Venha a nós o Vosso Reino, da oração do Pai Nosso, e um texto de Santo Tomás de Aquino.
Terceiro: porque, muitas vezes, o pecado reina e triunfa neste mundo, pedimos a Deus a vinda de seu reino. São Paulo se levantava contra esta calamidade: Que o pecado não reine em vossos corações (Rm 6, 12). Esta infelicidade se realiza quando o homem se deixa levar sem resistência, até o fim de sua inclinação para o pecado. Deus deve reinar em nosso coração e o faz efetivamente quando estamos prontos a observar os seus mandamentos. Quando pedimos a vinda do reino de Deus, rezamos para que não reine em nós o pecado, mas que só Deus ali reine e para sempre. Por este pedido da vinda do reino de Deus, chegaremos à bem-aventurança, proclamada pelo Senhor: Bem-aventurados os mansos (Mt 5, 4). Com efeito, segundo a primeira explicação do pedido venha a nós o vosso reino, o homem, pelo fato de desejar que Deus seja reconhecido mestre soberano de tudo, não se vinga da injustiça recebida, mas deixa esse cuidado a Deus. Pois se vingando ele está procurando seu triunfo pessoal e não a vinda do reino de Deus. De acordo com a segunda explicação, se esperais o reino de Deus, quer dizer, a glória do paraíso, não deveis ficar inquietos, quando perdeis os bens deste mundo. Do mesmo modo, pela terceira explicação, pedis que reine em vós Deus e seu Cristo. Assim como Jesus foi mansíssimo, pois ele mesmo o diz (cf. Mt 11, 29), deveis também ser mansos e imitar os Hebreus dos quais diz São Paulo: aceitaram com contentamento a espoliação de seus bens” (Hb 10, 34) (Santo Tomás de Aquino, In orationem dominicam, 35-42).