Dom José Falcão faz uma reflexão sobre o fogo de Cristo. Cita os seguintes textos:
“Eu vos batizo com água, em sinal de penitência, mas aquele que virá depois de mim é mais poderoso do que eu e nem sou digno de carregar seus calçados. Ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo”.
Mateus 3,11
“Porque ninguém pode dar um benefício mais digno que o que ele mesmo é, nem fazer uma coisa que não seja ele mesmo, acrescenta de maneira muito oportuna: Ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo. João, sendo corpóreo, não podia dar um batismo espiritual e, por isso, batiza em água, que é corpo. Cristo é espírito, porque é Deus. O Espírito Santo também é espírito, a alma também é espírito e, por isso, o Espírito batiza nosso espírito com o Espírito. O batismo espiritual é útil porque, entrando, o Espírito abraça a alma e a rodeia como um muro inexpugnável, e não permite que as concupiscências da carne prevaleçam contra ela. Sem dúvida, não faz com que a carne não se levante contra o espírito, mas sustenta o espírito para que não consinta com a tentação. Uma vez que Cristo é juiz, Ele batiza com fogo, isto é, nas tentações. Inversamente, um simples homem não pode batizar em fogo. Com efeito, aquele que tem licença para tentar tem o poder de remunerar. Este batismo da tribulação (isto é, do fogo), queima a carne para que ela não faça brotar as concupiscências: pois a carne não teme as penas espirituais, somente as carnais. Por isso, o Senhor manda sobre seus filhos as tribulações carnais, para que, temendo suas próprias angústias, a carne não cobice o mal. Vês, portanto, que o espírito rechaça as concupiscências e não permite que elas prevaleçam; o fogo, de outra parte, queima até suas raízes”.
Pseudo-Crisóstomo (sec. V)
Opus imperfectum super Matthaeum
Homilia 3
“Porque todo homem será salgado pelo fogo. O sal é uma boa coisa; mas se ele se tornar insípido, com que lhe restituireis o sabor? Tende sal em vós e vivei em paz uns com os outros”.
Marcos 9,49-50
“Eu vim lançar fogo à terra, e que tenho eu a desejar se ele já está aceso?”
Lucas 12,49
“‘Eu vim lançar fogo à terra’, não, por certo, aquele fogo que consome os bens, mas o que produz uma vontade boa, que acrisola os vasos de ouro da casa do Senhor, consumindo, porém, o feno e a palha (1Cor 3,12-15). E tudo o que é mundano e foi acumulado pelo prazer do mundo, obra de uma carne perecedoura, é queimado por aquele divino fogo que lançava suas chamas nos ossos dos profetas, tal como diz o santo Jeremias: ‘Fez-se como que um fogo ardente a lançar-se nos meus ossos’ (Jr 20,9). O fogo do Senhor é, pois, aquele de que foi dito: “Um fogo arderá diante dele” (Sl 96,3). O mesmo Senhor é também um fogo, tal como ele disse: “Eu sou um fogo ardente, que não consome” . O fogo do Senhor é, pois, a luz eterna; é com ele que se acendem aquelas lâmpadas de que, anteriormente, ele disse: ‘Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas’ (Ex 3,2; 24,17; Dt 4,24; Hb 12,29). Uma vez que é noite o dia desta vida, faz-se necessária a lâmpada. Também atestam Amaús e Cléofas que esse fogo do Senhor lhes fora enviado, ao dizerem: ‘Não se nos abrasava o coração pelo caminho, quando ele nos explicava as Escrituras?’ (Lc 24,32). Ensinaram-nos eles, assim, de modo evidente, qual é a ação desse fogo, que ilumina os recônditos do coração. E talvez por isso o Senhor haja de vir no fogo (Is 66,15-16), a saber, para consumir todos os vícios no tempo da ressurreição, completar com sua presença os desejos de cada um e acender a luz sobre os méritos e os mistérios”.
Santo Ambrósio (339-397)
Comentário ao Evangelho segundo Lucas, 7, 132
Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
Atos dos Apóstolos 2,3
“Quando o Senhor enviou o Espírito Santo, mostrou-O visivelmente de dois modos: pela pomba e pelo fogo; pela pomba, que pousou sobre o Senhor batizado; pelo fogo, que veio sobre os discípulos congregados. No primeiro fato, vimos a pomba sobre o Senhor; no segundo, línguas repartidas sobre os discípulos congregados. Ali transparece a simplicidade, aqui o fervor. Foi mostrado na pomba que os santificados pelo Espírito não devem ter dolo; e, no fogo, que a simplicidade não deve permanecer fria”.
Santo Agostinho (354-430)
Comentário ao Evangelho segundo João, 6, 3
“Justo é que Deus dê em paga aflição àqueles que vos afligem; e a vós, que sois afligidos, o alívio, juntamente conosco, no dia da manifestação do Senhor Jesus. Ele descerá do céu com os mensageiros do seu poder, por entre chamas de fogo, para fazer justiça àqueles que não reconhecem a Deus e aos que não obedecem ao Evangelho de nosso Senhor Jesus. Eles sofrerão como castigo a perdição eterna, longe da face do Senhor, e da sua suprema glória”.
2 Tessalonicenses 1,6-9
“Segundo a graça que Deus me deu, como sábio arquiteto lancei o fundamento, mas outro edifica sobre ele. Quanto ao fundamento, ninguém pode pôr outro diverso daquele que já foi posto: Jesus Cristo. Agora, se alguém edifica sobre este fundamento, com ouro, ou com prata, ou com pedras preciosas, com madeira, ou com feno, ou com palha, a obra de cada um aparecerá. O dia (do julgamento) demonstrá-lo-á. Será descoberto pelo fogo; o fogo provará o que vale o trabalho de cada um. Se a construção resistir, o construtor receberá a recompensa. Se pegar fogo, arcará com os danos. Ele será salvo, porém passando de alguma maneira através do fogo”.
1 Coríntios 3,13-15
A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório sobretudo no Concílio de Florença (cf. DS 1304) e de Trento (cf. DS 1820; 1580). Fazendo referência a certos textos da Escritura (cf. 1Cor 3,15; 1Pd 1,7), a tradição da Igreja fala de um fogo purificador: “No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem presente século nem no século futuro (Mt 12,32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro” (São Gregório Magno, Dial. 4, 39).
Catecismo da Igreja Católica, 1031
Ecclesia:
O Ecclesia é um programa de catequese que aborda temas relacionados a doutrina e a fé da Igreja Católica.
A partir da história da Igreja, procura-se desvendar os mistérios da fé, dialogando sobre a doutrina, vida dos santos, dogmas, devoções e as principais festas do calendário litúrgico.
É um programa para todo católico aprender e aprofundar seus conhecimentos no mistério divino, a fim de viver de fato a Igreja católica.
Programa inédito: terça, 19h30.
Reprise: domingo, 9h30 e 19h.