Dom José Francisco Falcão de Barros comenta o Evangelho de Mateus, versículo por versículo. Reflete sobre Mateus 12,31 e um texto de Santo Agostinho:

Mateus 12,31 (I) – Discussão sobre um milagre

Διὰ τοῦτο λέγω ὑμῖν, πᾶσα ἁμαρτία καὶ βλασφημία ἀφεθήσεται τοῖς ἀνθρώποις, ἡ δὲ τοῦ πνεύματος βλασφημία οὐκ ἀφεθήσεται.

 

“Por isso, eu vos digo: todo pecado e toda blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não lhes será perdoada”

“Que Cristo nos perdoa no Espírito Santo compreende-se facilmente pelas palavras que o Senhor disse aos Seus discípulos: ‘Recebei o Espírito Santo’, e em seguida acrescentou: ‘Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados’ (Jo 20, 22). O primeiro benefício que os fiéis recebem é o perdão de seus pecados no Espírito Santo”.

“É contra este dom gratuito que protesta o coração impenitente: esta impenitência é o espírito de blasfêmia, que não será perdoado nem neste mundo nem no outro, porque disse contra o Espírito Santo — em quem os pecados são perdoados —, pelo pensamento ou pela língua, uma palavra má”.

“Por sua dureza de coração e seu coração impenitente, ele acumula, para o dia da vingança, a cólera divina (Rm 2, 5). Esta impenitência completa não tem perdão nem neste mundo nem no outro, porque a penitência alcança o perdão nesta vida para que sirva na outra. Mas esta impenitência não pode ser julgada enquanto se vive na carne, porque não devemos desesperar de ninguém, desde que a paciência de Deus o leve ao arrependimento” (Rm 2, 4).

“E quem sabe se esses que vedes envoltos em qualquer gênero de erro e que tendes por condenados como se realmente já o estivessem não farão penitência e encontrarão, no outro mundo, a verdadeira vida?”

Santo Agostinho (354-430)
Sermo 71, 19-21