Dom José Francisco Falcão de Barros comenta o Evangelho de Mateus, versículo por versículo. Reflete sobre Mateus 12,34 e um texto de São João Crisóstomo:
Mateus 12,34 (III) – Discussão sobre um milagre
γεννήματα ἐχιδνῶν, πῶς δύνασθε ἀγαθὰ λαλεῖν πονηροὶ ὄντες; ἐκ γὰρ τοῦ περισσεύματος τῆς καρδίας τὸ στόμα λαλεῖ.
“Raça de víboras, maus como sois, como podeis dizer coisas boas? Porque a boca fala do que lhe transborda do coração”
“Desta maneira, penetrando o íntimo do coração, dá-nos uma prova de Sua divindade; porque Ele nos disse que não somente serão castigadas as palavras más, mas também os maus pensamentos. E é natural que seja assim, porque a superabundância da malícia interior derrama-se exteriormente mediante as palavras”.
“Daqui que, quando se vê que um homem fala mal, podemos julgar que é maior sua malícia interior que a que suas palavras manifestam. Porque o que sai para o exterior não é mais que a superabundância do que existe no interior. Assim tocou vivamente a culpabilidade dos judeus, porque, se o que eles disseram era tão mau, quão maligna não será a raiz de suas palavras? E é apropriado que assim seja”.
“Nem sempre a língua perturbada do homem manifesta a malícia que há em seu interior; mas o coração, como não tem nenhum homem por testemunha, engendra sem medo os males que quer. Como importa-lhe pouco que Deus o saiba, mas quando aumenta a multidão dos males que estão no interior — e que durante um tempo era ocultada — eles saem para fora por meio das palavras; e por isso disse ‘a boca fala do que lhe transborda do coração’”.
São João Crisóstomo (347-407)
Homiliae in Matthaeum
homilia 42, 1