Dom José Francisco Falcão de Barros comenta o Evangelho, versículo por versículo. Comenta a passagem bíblica de Mateus 5,44; Salmo 138,21-22 e um texto de Santo Agostinho:


Mateus 5,44 (IV) – A Antiga Lei comparada com a Nova Lei

ἐγὼ δὲ λέγω ὑμῖν· ἀγαπᾶτε τοὺς ἐχθροὺς ὑμῶν καὶ προσεύχεσθε ὑπὲρ τῶν διωκόντων ὑμᾶς
 
“Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem”

 

“Pois não hei de odiar, Senhor, aos que vos odeiam? Aos que se levantam contra vós, não hei de abominá-los? Eu os odeio com ódio mortal, eu os tenho em conta de meus próprios inimigos”
Salmo 138,21-22
 

“Eu os odeio com ódio perfeito. Que significa: “ódio perfeito”? Odeio suas iniquidades, amo sua condição. Este ódio é perfeito, a saber, não odiar os homens nem por causa dos vícios; também não amar os vícios por causa dos pecadores. Pois, vê o que acrescenta o salmo: “Fizeram-se meus inimigos”. Mostra que já não são apenas inimigos de Deus, mas seus próprios inimigos”.
 
“Com eles cumprirão o que disse o salmista: “Porventura não odeio os que te odeiam”, e o que o Senhor preceituou: “Amai os vossos inimigos?” Como o realizará, a não ser com aquele ódio perfeito, odiando pelo fato de serem iníquos e amando-os por serem homens?”
 
“Pois também no tempo do Antigo Testamento, em que o povo carnal era contido por meio de suplícios visíveis, um homem que já pertencia ao Novo Testamento por seu entendimento, o servo de Deus Moisés, como odiava os que pecavam, se orava por eles? E como não odiava, se os matava, senão porque os odiava com ódio perfeito? Pois, por meio daquela perfeição odiava a iniquidade que punia, a fim de amar a humanidade pela qual orava”
Santo Agostinho (354-430)
Enarrationes in Psalmos 138, 28