Dom José Francisco Falcão de Barros comenta o Evangelho, versículo por versículo. Reflete sobre a passagem bíblica de Mateus 6,13 e um texto de São Cipriano de Cartago:
Mateus 6,13a (III) – A oração do Pai Nosso
καὶ μὴ εἰσενέγκῃς ἡμᾶς εἰς πειρασμόν
“E não nos deixeis cair em tentação”
“‘E não nos deixeis cair em tentação’. Com estas palavras, nos é dado a entender que o inimigo não pode nada contra nós se Deus não lho permite, para que todo o nosso temor, a nossa entrega e submissão se encontrem só em Deus, já que nada pode o mal nas tentações que nos levanta se não lho concede o Senhor…”
“Concede-se ao maligno um duplo poder contra nós, ou para nos castigar quando pecamos, ou para nosso mérito quando somos postos à prova, como vemos que sucedeu a Jó, como declara o próprio Deus, ao dizer: ‘Pois bem, tudo o que ele possui deixo-o em teu poder, mas não estendas a tua mão contra a sua pessoa’” (Jó 1, 12). E, no Evangelho, diz o Senhor durante a sua paixão: ‘Não terias nenhum poder sobre mim, se não te fosse dado do alto’” (Jo 19, 11).
“Mas quando pedimos para não cair em tentação, somos postos de sobreaviso acerca da nossa debilidade, pois pedimos que ninguém se orgulhe com insolência, que ninguém se deixe levar pela soberba e vaidade, que ninguém se arrogue a glória da sua confissão ou martírio, porque o próprio Senhor nos ensina a humildade, quando diz: ‘Vigiai e orai para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca’” (Mt 26, 41)
São Cipriano de Cartago (200-258)
De dominica oratione, 25-26 (PL 4, 536-537)