Dom José Francisco Falcão de Barros comenta o Evangelho de Mateus, versículo por versículo. Reflete sobre as passagens bíblicas de Mateus 7,1-2 e um texto de Santo Agostinho:

Mateus 7, 1-2 (III) – Não julgar para não ser julgado

Μὴ κρίνετε, ἵνα μὴ κριθῆτε· ἐν ᾧ γὰρ κρίματι κρίνετε κριθήσεσθε, καὶ ἐν ᾧ μέτρῳ μετρεῖτε μετρηθήσεται ὑμῖν.
 
“Não julgueis, e não sereis julgados. Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos”

“Existem certas ações ambíguas, das quais ignoramos com que intenção foram feitas. Elas podem proceder de boa ou de má intenção. Seria temerário julgá-las e, mais ainda, condená-las. Virá o tempo em que serão julgadas: “Quando o Senhor puser às claras o que está oculto nas trevas”. O mesmo Apóstolo diz também em outro lugar: ‘Existem homens cujos pecados são evidentes, antes mesmo do juízo; ao passo que os de outros, só o são após’” (1Tm 5, 24).

“Chama de “pecados evidentes” aquelas ações cuja intenção é manifesta. Esses pecados precedem ao julgamento, isto é, não será temerário o juízo que se fizer sobre eles. Os pecados que aparecerão após o julgamento são os ocultos que serão manifestos claramente, só a seu tempo. Será assim também com as boas obras. Diz ainda o Apóstolo: ‘Do mesmo modo, as boas obras são evidentes; e as outras, não se podem manter ocultas’” (1Tm 5, 25).

“Limitemo-nos a julgar o que é evidente e deixemos de julgar o que está oculto, deixando-o a Deus. Pois as ações, boas ou más, não poderão ficar ocultas. Dia virá em que serão desvendadas”

Santo Agostinho (354-430)
O Sermão da Montanha 2, 60