Dom José Francisco Falcão de Barros comenta o Evangelho de Mateus, versículo por versículo. Reflete sobre as passagens bíblicas de Mateus 7,3-5 e um texto de Santo Agostinho:

Mateus 7, 3-5 (I) – Não julgar para não ser julgado

Τί δὲ βλέπεις τὸ κάρφος τὸ ἐν τῷ ὀφθαλμῷ τοῦ ἀδελφοῦ σου, τὴν δὲ ἐν τῷ σῷ ὀφθαλμῷ δοκὸν οὐ κατανοεῖς; ἢ πῶς ἐρεῖς τῷ ἀδελφῷ σου· ἄφες ἐκβάλω τὸ κάρφος ἐκ τοῦ ὀφθαλμοῦ σου, καὶ ἰδοὺ ἡ δοκὸς ἐν τῷ ὀφθαλμῷ σοῦ; ὑποκριτά, ἔκβαλε πρῶτον ἐκ τοῦ ὀφθαλμοῦ σοῦ τὴν δοκόν, καὶ τότε διαβλέψεις ἐκβαλεῖν τὸ κάρφος ἐκ τοῦ ὀφθαλμοῦ τοῦ ἀδελφοῦ σου
 
“Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu? Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do teu irmão”

“Aqueles que mais repreendem os outros são os que preferem censurar e condenar o próximo, mais do que corrigir-se e emendar-se. Isso denota orgulho e mesquinhez. Com razão, pois, o Senhor acrescenta: “Por que olhas o cisco que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu?” (Mt 7, 3).

“Assim, pode acontecer no caso de um homem que, ao pecar por cólera, é repreendido com ódio por ti. Há tanta distância entre a raiva e o ódio como entre o cisco e a trave. O ódio, com efeito, é a ira enraizada, que recebe reforço pela duração prolongada. Daí a razão de ser chamada “trave”. Pode acontecer que tu te zangues com alguém ao querer que ele se corrija. Contudo, se o odeias, a correção dele será impossível”

Santo Agostinho (354-430)
O Sermão da Montanha 2, 63