Os salmos na nossa vida – Salmo 6 – A oração no sofrimento
Dom José Francisco Falcão de Barros reflete o Salmo 6,8-10. Cita textos de Santo Agostinho e São João Crisóstomo:
“De amargura meus olhos se turvam, esmorecem por causa dos que me oprimem”
Salmo 6,8
“‘Esmorecem por causa dos que me oprimem’, ou seja, os próprios vícios, ou os homens que recusam voltar-se para Deus. Estes, mesmo que procurem desconhecer, tolerar, viver em certa concórdia, em frequentes conversas, sem discussões, juntos nos banquetes, casas e cidades, no entanto, por divergência de propósitos, são inimigos dos que se convertem para Deus. Uns amam, ambicionam este mundo: os outros anseiam por se libertar dele. Quem não vê que os primeiros são inimigos dos segundos? Se o conseguirem, arrastam-nos consigo para os castigos. É grande dom ouvir diariamente essas conversas e não se extraviar dos preceitos de Deus. Muitas vezes o espírito, no esforço de caminhar para Deus, abalado, trepida no caminho. Amiúde, por causa disso, deixa de cumprir um bom propósito, para não ofender aqueles com os quais convive e que amam e seguem outros bens, perecíveis e passageiros. As pessoas sadias deles se separam, não pelo lugar, e sim pelo ânimo, pois os corpos estão circunscritos ao lugar, enquanto o lugar da alma é o seu afeto”
Santo Agostinho (354-430)
Enarrationes in Psalmos, 6, 7
“Apartai-vos de mim, vós todos que praticais o mal, porque o Senhor atendeu às minhas lágrimas”
Salmo 6,9
“Após labuta, gemidos, lágrimas frequentes e copiosas, é impossível não surta efeito o pedido tão veemente dirigido àquele que é a fonte de todas as misericórdias. Por isso, com acerto se afirma: ‘O Senhor está perto do coração atribulado’ (Sl 33, 19). Após tantos obstáculos, acrescenta a alma piedosa, ou talvez também a Igreja, assinalando que foi atendida: ‘Apartai-vos de mim, vós todos que praticais o mal, porque o Senhor atendeu às minhas lágrimas’. Ou se trata de profecia, porque os ímpios se afastarão, serão separados dos justos, no dia do juízo, ou agora na eira limpa, apesar de juntos nas mesmas reuniões, os grãos já estão separados das palhas, apesar de escondidos entre elas. Por conseguinte, podem estar juntos, mas juntos não serão arrebatados pelo vento”.
Santo Agostinho (354-430)
Enarrationes in Psalmos, 6, 10
“‘Apartai-vos de mim, vós todos que praticais o mal, porque o Senhor atendeu às minhas lágrimas’. Não é pequeno o caminho que conduz à virtude, fugindo dos maus. Isto mesmo nos pede Cristo, ordenando que nos separemos dos membros que nos são mais necessários, ainda que sejam amigos, sempre que eles nos escandalizarem e que sua companhia nos acarretar algum dano. ‘Se o teu olho te escandalizar – diz –, arranca-o; e se a tua mão te escandalizar, corta-a e lança-a para longe de ti’ (cf. Mt 5, 29-30). Fez esta acusação sem referir-se aos membros, mas sobre os amigos verdadeiros, dos quais é preciso desprezar a amizade, quando nem para eles nem para nós traz algum proveito, mas prejuízo. Assim, exercitando essa virtude, também o Profeta não só não ia atrás de tais companhias, mas que exortava a afastar-se delas. Este é o fruto da penitência; este é o benefício das lágrimas. Desta forma, a mente contrita não será atingida por nenhuma paixão. Façamos nós também isso; se alguém nos entorpece, ainda que leve a mesmíssima coroa, desprezemos a sua amizade. Certamente, nenhum homem é tão ruim, mesmo sendo rei, que quando vive na maldade; da mesma forma, ninguém é mais apto para reinar, mesmo sendo um escravo, que quando possui a virtude. ‘Porque o Senhor atendeu às minhas lágrimas’. Aqui as lágrimas não são apenas aquilo que procede dos olhos, mas também da alma. E quem busca a penitência também é escutado por Deus e pode conseguir este bem: rechaçar as más companhias”.
São João Crisóstomo (347-407)
Comentário aos Salmos, 6, 5-6
“O Senhor escutou a minha oração, o Senhor acolheu a minha súplica”
Salmo 6,10
“‘O Senhor escutou a minha oração, o Senhor acolheu a minha súplica’. A assídua repetição de uma sentença é desnecessária numa narração, mas demonstra o afeto de alguém que está radiante. Costumam assim falar os que se alegram, porque não lhes basta proferir uma só vez o motivo de sua alegria. Aqui, é fruto do gemido do aflito e das lágrimas, que lavam o leito e regam a cama, porque os ‘que semeiam entre lágrimas, ceifarão com alegria’ (Sl 125, 5), e ‘Bem-aventurados os que choram porque serão consolados’” (Mt 5, 5).
Santo Agostinho (354-430)
Enarrationes in Psalmos, 6, 11
Luz da Vida:
O programa Luz da Vida nasceu da necessidade de proclamar o nome santo de nosso Senhor Jesus Cristo, de levar a todos os corações a certeza de que não existe outro nome debaixo do céu pelo qual devamos ser salvos: Jesus Cristo.
“Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Mt 8, 12). Foi essa passagem bíblica que inspirou a criação e o nome do programa, que tem uma finalidade simples e audaciosa: apresentar Jesus Cristo como Caminho, Verdade e Vida. Como Luz que ilumina a vida de todos nós.
A cada programa, Dom José Falcão de Barros apresenta um tema diferente, abordando questões espirituais e materiais da vida hodierna, à luz do Evangelho de Jesus Cristo, da doutrina, do magistério e da tradição da Igreja Católica Apostólica Romana.